do futuro apresenta os mesmos caracteres. Nos primeiros séculos do império romano, os cristãos eram acusados de incesto porque se osculavam, chamando-se irmãos; viam-se neles incendiários porque anunciavam que o fim do mundo estava próximo e que o mundo pereceria pelo fogo. Na idade média, o rumor público acusava os judeus de Paris de sacrificarem todos os anos, na quinta-feira santa, uma criança cristã, transposição para o presente da versão de que o povo judeu crucificara Jesus Cristo. Por esta maneira de simplificar as coisas, conformando-as com seus sentimentos e as aspirações do momento, as massas e as multidões tendem a viver num sonho. Elas transportam, como o poeta, suas emoções e imagens, mas creem, do mesmo passo, na realidade do que imaginam".(8) Nota do Autor
3 - Com insinuações simples e, aparentemente, verossímeis, é que o pessimismo estéril, desde os albores de nossa independência, vem insuflando na alma cândida do povo os piores conceitos sobre sua capacidade e o futuro de nossa Terra. A confusão étnica, cuja verificação está ao alcance de todo o mundo; o relativo atraso industrial do país, que o simplismo conclui de seu confronto com malungos seus; a debilidade orgânica do homem, presumida, em geral, de nossa pequena estatura, e muitas outras jaças que a crítica parcial rastreia, à força de repetidas, vêm calando, profundamente, no espírito do brasileiro, predispondo-o ao desalento, à incredulidade e ao ceticismo. Nosso atraso material e cívico, os achaques incuráveis de nosso povo, sua decomposição moral, a indolência crônica do brasileiro são o memento com que o suspeito patriotismo dessa gente insiste em nos despertar do êxtase de nossa fé no Brasil. Não houve, até hoje, desvão de nosso território, recesso de sua história, faceta de nosso caráter que escapasse