escravos pescadores para isso, e de tudo têm a casa tão cheia, que na fartura parecem uns condes, e gastam muito. Tornando aos engenhos cada um deles é uma máquina e fábrica incrível: uns são de água rasteiros, outros de água copeiros, os quais moem mais e com menos gastos; outros não são d'água, mas moem com bois, e chamam-se trapiches; estes têm muito maior fábrica e gasto, ainda que moem menos, moem todo o tempo do ano, o que não têm os d'água, porque às vezes lhes falta. Em cada um deles, de ordinário há seis, oito e mais fogos de brancos, e ao menos 60 escravos, que se requerem para o serviço ordinário; mas os mais deles têm cento, e 200 escravos de Guiné e da terra. Os trapiches requerem 60 bois, os quais moem de 12 em 12 revezados; começa-se de ordinário a tarefa à meia noite, e acaba-se ao dia seguinte às três ou quatro horas depois do meio dia. Em cada tarefa se gasta uma barcada de lenha que tem 12 carradas, e deita 60 e 70 formas de açúcar branco, mascavado, malo e alto. Cada forma tem pouco mais de meia arroba, ainda que em Pernambuco se usam já grandes de arroba. O serviço é insofrível, sempre os serventes andam correndo, e por isso morrem muitos escravos, que é o que os endivida sobre todo este gasto. Tem necessidade cada engenho de feitor, carpinteiro, ferreiro, mestre de açúcar com outros oficiais que servem de o purificar; os mestres de açúcares são os senhores de engenhos, porque em sua mão está o rendimento e ter o engenho fama, pelo que são tratados com muitos mimos, e os senhores lhes dão mesa, e cem mil réis, e outros mais, cada ano. Ainda que estes gastos são mui grandes, os rendimentos não são menores, antes