de ofício, que os enfunava de vaidade, com meios de se fazer obedecer, podendo pôr gente no tronco; em extinguir a antropofagia, a poligamia e a bebedice de vinhos de frutas em que os índios eram insignes. O mais só caberia ao tempo.
As ocas, com a confusão e multiplicidade de casas contíguas ou antes contínuas, existiam ainda intactas. Conservavam-se as danças características; como os vestuários não chegavam para todos, andavam mulheres nuas (cousa para nós mui nova, diz sem biocos o viajante). No Rio agradou-lhe particularmente uma dança de curumis: "o mais velho seria de oito anos, todos nusinhos, pintados de certas cores aprazíveis, com seus cascavéis nos pés e braços, pernas, cinta e cabeças, com várias invenções de diademas de penas, colares e braceletes: parece que se os viram nesse reino, que andaram os dias atrás deles".
Sua benevolência estende-se aos estudantes e às cômicas recepções estrambólicas, com discursos em línguas diversas, epigramas, etc.
À gente da terra tudo servia de pretexto para festanças: pairava uma atmosfera de quermesse, de pageant, de irreal.
Numa aldeia da capitania do Espírito Santo meninos e mulheres, com suas palmas nas mãos e outros ramalhetes de flores, representavam ao vivo o recebimento do dia de Ramos — e isto em novembro. Pelo mesmo tempo, unia confraria dos Reis; por não ser ainda o tempo consagrado, quis exibir ao padre visitador suas magnificências. "Vieram um domingo com seus alardes à portuguesa e a seu modo, com muitas danças, folias, bem vestidos, e o rei e a rainha ricamente ataviados com