branco que se não tira senão quando se acaba. A castanha é tão boa, e melhor que as de Portugal; comem-se assadas, e cruas deitadas em água como amêndoas piladas, e delas fazem maçapães, e bocados doces como amêndoas. A madeira desta árvore serve pouco ainda para o fogo, deita de si goma boa para pintar, e escrever em muita abundância. Com a casca tingem o fiado, e as cuias que lhe servem de panelas. Esta, pisada e cozida com algum cobre até se gastar a terça d'água, é único remédio para chagas velhas e saram depressa. Destas árvores há tantas como os castanheiros em Portugal, e dão-se por esses matos, e se colhem muitos molhos das castanhas, e a fruta em seus tempos a todos farta. Destes acajus fazem os índios vinho.
Mangaba – Destas árvores há grande cópia, máxime na Bahia, porque nas outras partes são raras; na feição se parece com macieira de anáfega, e na folha com a de freixo; são árvores graciosas, e sempre têm folhas verdes. Dão duas vezes fruto no ano: a primeira de botão, porque não deitam então flor, mas o mesmo botão é a fruta; acabada esta camada que dura dois ou três meses, dá outra, tornando primeiro flor, a qual é toda como de jasmim, e de tão bom cheiro, mas mais esperto; a fruta é do tamanho de abricós, amarela, e salpicada de algumas pintas pretas, dentro tem algumas pevides, mas tudo se come, ou sorve como sorvas de Portugal; são de muito bom gosto, sadias, e tão leves que por mais que comam, parecem que não comem fruta; não amadurecem na árvore, mas caem no chão, e daí as apanham já madura, ou colhendo-as verdes as põem em madureiro; delas fazem os índios vinhos;