Tratados da terra e gente do Brasil

vão roçar nesta árvore, parece que para sararem de algumas enfermidades. A madeira é das melhores deste Brasil, por ser muito forte, pesada, eliada e de tal grossura que delas se fazem as gangorras, eixos, e fusos para os engenhos. Estas são raras, acham-se principalmente na capitania do Espírito Santo.

Cupaigba – É uma figueira comumente muito alta, direita e grossa; tem dentro dela muito óleo; para se tirar a cortam pelo meio, onde tem o vento, e aí tem este óleo em tanta abundância, que algumas dão um quarto, e mais de óleo: é muito claro, de cor de azeite; para feridas é muito estimado, e tira todo sinal. Também serve para as candeias e arde bem; os animais, sentindo sua virtude, se vêm esfregar nelas; há grande abundância, a madeira não vale nada.

Ambaigba – Estas figueiras não são muito grandes, nem se acham nos matos verdadeiros, mas nas capoeiras, onde esteve roça; a casca desta figueira, raspando-lhe da parte de dentro, e espremendo aquelas raspas na ferida, pondo-lhas em cima, e atando-as com a mesma casca, em breve sara. Delas há muita abundância, e são muito estimadas por sua grande virtude; as folhas são ásperas, e servem para alisar qualquer pau; a madeira não serve para nada.

Ambaitinga – Esta figueira é a que chamam do inferno: acham-se em taperas, dão certo azeite que serve para a candeia; têm grande virtude, como escreve Monardes(3) Nota do Leitor, e as folhas são muito estimadas para quem arrevessa, e não pode ter o que come, untando o estômago com óleo, tira as opilações, e cólica; para se tirar

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