Castro Alves - o poeta e o poema

"começamos por imitar alguém, depois não imitamos a ninguém, finalmente nos imitamos a nós mesmos". Sem personalidade característica a princípio, depois individualizado em aspecto inconfundível, por fim, dada a consagração, a mesmice sem mudança e sem renovação, na rota batida do sucesso. Há nos extremos, porém, duas ordens de exceção: os medíocres, que ficam sempre imitadores, e os extravagantes que nem a si mesmo imitam e continuam sempre diversos e renovados: por isso a ambição de d'Annunzio, manifestada naquele lema: "Renovar-se, ou morrer".

Castro Alves imitaria Hugo, talvez, como imitaria, por vezes, a Lamartine, Musset, Byron, Espronceda... os poetas de suas leituras prediletas, se é que tais preferências já não dizem na similitude de gênio que o levaria, com os variados gostos deles, para as mesmas tendências poéticas. Mas no seu tempo e com o seu gênio, pergunto, poderia ser ele diverso do que foi... e em que de sua característica de poeta republicano e abolicionista, de lírico tropical e nacionalista, estão os vestígios daqueles grandes homens de seu tempo?

Uma escola literária definiu com espírito e justiça um contemporâneo, Francis de Croisset, — é alguém que tem talento, e é chefe, e muita gente, que não o tem, e são os sequazes. Um clama, os outros reclamam. A Castro Alves ele sobrava,

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