Castro Alves - o poeta e o poema

Casimiro de Abreu". Isso foi em 69, encerrado o seu ciclo de poesia social e épica, subsistente o lirismo efusivo e comovido, bem espontâneo e bem brasileiro, de que esses dois poetas, com ele, seriam os nossos mais altos representantes naquele tempo.

Mas, a influência, mais decisiva na obra, ou em parte da obra de Castro Alves, é necessariamente a de Hugo. Não há negar, se é honrosa a ascendência, senão para restringir, dizendo que a preferência seria pela similitude do gênio. Uma das preocupações de nosso tempo está em procurar as fontes de uma inspiração ou uma ideia, como se houvesse alguma destas "criações" humanas que não seja uma "reprodução" humana: La Bruyère deu idade de sete mil anos à menor de nossas cogitações e parou aí, porque não há documentos de maior antiguidade. Pôde Emerson dizer que "o maior gênio é o homem mais endividado"; sua grandeza, Shakespeare ou Molière, faz-se com a contribuição de muitos: não são pessoas, são multidões — um gênio é uma raça, às vezes uma era... Entretanto, talvez por malicioso divertimento, nos comprazemos em dizer que Noventa e Três é a História dos Girondinos de Hugo, como a Joana d'Arc é a Vida de Jesus de Anatole France: fazemos duvidosa homenagem a Lamartine e a Renan, de uma similitude de propósito, sem indagar quais foram as deles.

Capistrano de Abreu, prolongando Taine, completou-lhe uma lei de evolução intelectual, dizendo:

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