Castro Alves - o poeta e o poema

com os meus vizinhos, dizia-me ele (continua Regueira Costa) ali — os doidos... (referia-se à Casa de Saúde do Dr. Ramos) — à direita os mortos... (aludia ao Cemitério Público)\". Da encantadora Idalina ficaram reminiscências na poesia Aves de arribação, rimada anos depois. Estas e outras distrações levaram-no a fazer talvez medíocre exame, aprovado simplesmente, se é que não foram ressentimentos de um lente ultramontano contra o poeta d\'O Século:

\"Quebre-se o cetro do papa
Faça-se dele uma cruz.
A púrpura sirva ao povo
Pra cobrir os ombros nus\"


a causa de uma nota inferior, a um ato brilhante.

As férias de 65-66 passou-as Castro Alves na Bahia, onde viera especialmente visitar o pai doente, a cujo trespasse, a 24 de janeiro de 66, assistiu, quando não esperava sobreviver-lhe. Na Mocidade e morte, despedindo-se da vida, da glória, amor, anelos, dissera,

\"Escuta, minha irmã, cuidosa enxuga
O pranto de meu pai nos teus cabelos...\"

Dois anos depois volvendo à Bahia, à casa abandonada pela família, a sua Boa-Vista (hoje Asilo de São João de Deus), ouve a velha torre perguntar ao vento que por ela passa chorando:

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