da ideia, organizaram uma exposição que se realizaria nos baixos do Paço da cidade, hoje edifício dos Telégrafos. Enviou-se circular aos colegas que quisessem aderir à iniciativa, destinada a propulsionar as artes. Virgilio receberia os trabalhos. Um dia, veio-lhe às mãos pequena tela fixando um trecho da Tijuca, admiravelmente pintado. Despertava admiração. Assinava-a Francisco Garcia Sant'Ollala.
Tratava-se de jovem e talentosíssimo pintor espanhol. Nascido em Málaga, aprendera com Martinez de la Vega e na Academia de Belas Artes, conquistando prêmios, sendo também pensionista do Estado. Certa vez lera num livro de escritor nacional coisas tão maravilhosas sobre o Brasil, que para cá partiu. A bordo, encontrou-se com um patrício e fizeram camaradagem. Ao chegar, insistido pelo outro, fora morar com ele. O amigo era um espertalhão. Vivia à custa das suas telas, que vendia numa galeria da rua do Teatro, dando-lhe depois quanto entendia.
Sant'Ollala, que era pintor admirável, tão bom paisagista como figurista, deixou o patrício e começou de trabalhar sozinho. Seus quadros impressionavam pela flagrante realidade, enquanto ele se fazia querer por excepcionais qualidades de talento, de modéstia e de bondade. Levado por um "protetor", viu-se um dia em Várzea Alegre. Deram-lhe um barracão, em cuja porta pintou uma andaluza dançando e tocando castanholas. Em certa ocasião, um cavalheiro do Rio que a vira, não se contivera e não se conteve enquanto a não comprou ao artista, arrancando a porta, que substituiu por outra.
Voltando para esta capital e vendo a miséria que com ele praticara o "protetor", foi para um colégio da Tijuca, de onde enviou o quadro para a exposição que se não realizou, porque quando Virgilo chegara ao Paço, pela manhã, a fim de enfeitar a sala de guirlandas