EUCLIDES DA CUNHA A SEUS AMIGOS
Todas as vidas têm, em geral, duas vidas: uma que termina com a morte, outra que aí começa. Para a maioria dos homens só a primeira conta. Para outros, muito poucos, só a segunda. Para alguns ela prossegue, continua, na glória ou no opróbio.
A de Euclides da Cunha teve este aspecto duplo. Glorioso em vida, continuou-o depois de morto. Mas também o mesmo opróbio que lhe encerrou os dias se manteve com a sua memória.
Viveu os seus 43 anos entre mágoas e dissabores. Órfão o foi de mãe e de afetos próximos desde os 3 anos.
Afetuoso e afetivo teve a adolescência e a juventude longe do lar próprio.
Homens feito, não encontrou na profissão com que se susteve o encanto de uma ocupação predileta.
Entre nós, os que vivem de alguma sorte do pensamento, ou se refugiam no funcionalismo de qualquer espécie, burocracia e magistério, ou na política.
No mundo inteiro ainda não há lugar para o pensamento puro, sem outra forma de atividade.