Para Euclides da Cunha, abandonado o exército que o seu sogro, General Solon, reputava, em 1894, a melhor profissão do país, atirou-se à engenharia civil oficial e aí viveu a maior parte de sua vida, em permanente conflito com as aspirações superiores da cultura, a que se destinava.
A engenharia não lhe foi, senão raramente, a arte de melhorar e aperfeiçoar a Natureza, como ele próprio a definiu, mas se agitava "entre o estilo aleijado dos ofícios e a alma tortuosa dos empreiteiros".
Ao lado disso a tragédia oculta e obscura, dia a dia, da trama de sua dolorosa vida íntima, que jamais confessou a ninguém e que raro lhe escapou discreta em alguma alusão incompreensível, porque para ele, como no verso de Marcial, "o recato do sofrimento era a única expressão simpática do orgulho".
Esse drama só foi revelado pelo clarão do escândalo que se originou do seu assassínio a 15 de agosto de 1909.
Eloy Pontes, com o carinho piedoso e o gosto da investigação paciente, há de revelá-lo no Destino trágico de Euclides da Cunha.
Certa vez descia ele, em companhia de Adalgizo Pereira, a rua 15 de novembro, em São Paulo, quando veem um desses escândalos de sensacionalismo passional que a imprensa tantas vezes explora, e ataca de repente diante do amigo para dizer-lhe o seu temor de se ver um dia envolvido num desses episódios.