Euclides da Cunha a seus amigos

realidades da vida. Peço-te que transmitas, em nome de todos os meus, sinceros agradecimentos a D. Maria Júlia e a todos os teus. A ti não preciso desejar felicidades. É coisa que possuis demais tanto que, com duas palavras num cartão impresso, a repartiste magnificamente com o teu velho amigo. Euclides.

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Rio, 10-2-909.

Vicente, felicidades. O Quidinho continua doente. Fora uma temeridade e uma impiedade sair de casa. Anteontem escrevi ao Silva Teles, expondo bem as coisas. Escrevi-te também pedindo-te para o avisares do meu endereço. Renovo hoje o pedido, porque recebi uma carta do Porchat em que ele incidentemente me diz que me esperam aí. Não te esqueça, pois. Seria lamentável que me considerassem incorreto. E escreve-me logo a respeito. Tranquiliza-me, homem! Imagina as atrapalhações em que vivo... Nem de propósito. Quem definirá um dia essa Maldade obscura e inconsciente das coisas que inspirou aos gregos a concepção indecisa da Fatalidade? Às vezes, julgo necessário um Newton na ordem moral para fixar numa fórmula formidável o curso inflexível da Contrariedade. Mas, ponto. Sinto que vou escorregando por uma metafísica horrorosa abaixo, e, cedendo ao declive, não sei onde irei parar. Adeus. Lembranças a todos e saudades do Euclides.

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