Euclides da Cunha a seus amigos

Carlos Peixoto. Ou melhor, frequento-os hoje mais assiduamente do que nos tempos de felicidade. E considero, melancolicamente, que disso talvez me resulte algum mal. Felizmente esta terra não tem mais nenhum lugar, ou cargo, capaz de desafiar a ambição de qualquer espírito, mesmo medianamente aparelhado. Consola-me a certeza de que nada perderei, porque não há, por aí, coisa alguma que eu deseje adquirir... Euclides.

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Rio, 1909.

Oliveira Lima.

Nem faço outra coisa senão entristecer-me nesta nossa pobre terra. Lamento até que a natureza ingrata me fizesse insidiosamente, barbirraro, impedindo-me de agitar apavoradamente, por aí além, umas grandes barbas de Jeremias. Invejo-as em F..., que chora todas as manhãs sobre a decadência da pátria e dos costumes políticos, debruçado — um Mário de óculos escuros — sobre as ruínas do Bloco ...................................

Não preciso dizer-lhe que continuo na angustiosa posição de comissário in partibus, à espera de uma reforma, ou de uma comissão. Num país em que toda gente acomoda a sua vidinha num cantinho de secretaria, ou numa aposentadoria, eu estou, depois de haver trabalhado tanto, galhardamente, sem posição definida! Reivindico, assim, o belo título de último dos românticos,

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