Euclides da Cunha a seus amigos

não já do Brasil apenas, mas do mundo todo, nestes tempos utilitários! Julgo, entretanto, que hei de arrepender-me muito, mais tarde, desta vaidade... Em todo caso, se no correr deste ano não se me abrir de novo a trilha do deserto, terei de dar outro rumo à vida, para que os filhos, que vão crescendo, não paguem os juros de tanta imprevidência. Euclides.

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Rio, 3-7-909.

Otaviano, escrevo-te de cama. Anteontem à noite tive uma hemoptise e continuo mal, ameaçado de outra. Ao receber a tua carta e telegrama resolvi partir, mas o médico, o Dr. Cunha Cruz, garantiu-me que seria esforço inútil, porque eu não chegaria a São Paulo. No desespero em que o estado do velho me deixou, resolvi que a Saninha fosse com o Solon, de modo que se o velho melhorar possa vir com eles. Deus queira que assim seja e se resolva a dolorosíssima situação em que me acho. A Saninha e o Solon contarão do meu estado. Um apertado abraço no velho, em Adélia. Saudades do cunhado e am.° Euclides.

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Rio, 5-7-909.

Otaviano, a Saninha já deve ter exposto a situação dolorosa em que recebi a notícia do estado do meu pai. Estou muito e muito doente. Nada me dizem

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