LIVRO V
CAPÍTULO PRIMEIRO
Leopoldo de Bulhões e a gestão econômico-financeira — Reforma do Tesouro e outras medidas — Reforma do Banco do Brasil.
LEOPOLDO DE BULHÕES E A GESTÃO ECONÔMICO-FINANCEIRA
Quando se tratou do convite feito pelo presidente a Leopoldo de Bulhões, para que viesse ocupar a pasta da Fazenda, ficou mencionada a hesitação do convidado e os seus receios de não poder dirigir, com o saber requerido, a vida financeira do país.
Rodrigues Alves tinha, porém, motivos para insistir na escolha. Seguia a orientação de Campos Sales, que, ao colocar na pasta o mato-grossense Joaquim Murtinho, obedecia ao propósito de realizar uma política financeira fundada em princípios e desligada dos interesses imediatos de São Paulo. Prudente de Morais tivera dois políticos paulistas como gestores das finanças: o próprio Rodrigues Alves e Bernardino de Campos. Rodrigues Alves preferia seguir as pegadas do seu antecessor, preenchendo a pasta com um homem que não tivesse a visão limitada aos interesses do café; um homem que dispusesse de uma concepção menos regional dos problemas econômico-financeiros do país, concepção condicionada, embora, às ideias dominantes na ciência e na prática da época.
Campos Sales, ao consultar Rodrigues Alves sobre a sua escolha para candidato, deixara claro que contava com sua fidelidade às linhas mestras da gestão financeira em aplicação. A ação de Rodrigues Alves, quando ministro da Fazenda de Floriano e de Prudente, já se definira como partidária da orientação clássica, expressa no orçamento equilibrado, na moeda estável e tendente para a conversibilidade, no câmbio mantido em taxa natural. Sua luta contra os bancos emissores e em defesa do câmbio ficou relatada em local próprio. O presidente não sacrificara em nada estas convicções ao aceitar, como candidato pressentido, a orientação de Campos Sales.