Rodrigues Alves - Tomo 2

Apogeu e declínio do presidencialismo

Se as realizações do seu governo não foram sacrificadas pela rígida conduta restritiva a que se obrigou Campos Sales, preso a compromissos internacionais que soube honrar, isso se deveu precisamente à folga e à estabilidade que o predecessor lhe legara.

Dentro das novas e mais favoráveis condições, as ideias e a ação de Rodrigues Alves não se afastavam dos princípios da defesa da moeda, do câmbio, do crédito externo e do equilíbrio orçamentário, que eram considerados os melhores no seu tempo.

Essas eram, igualmente, as ideias de Bulhões. Logo depois de formado em direito pela Faculdade de São Paulo (onde foi colega do gaúcho Cassiano do Nascimento, líder de Rodrigues Alves na Câmara), Leopoldo de Bulhões manifestou seus pendores pelos estudos de finanças, escrevendo em um jornal de sua província natal, Goiás, trabalhos em que considerava a política financeira do Império tão ruinosa quanto a escravidão.(1) Nota do Autor Já então pleiteava o fim do papel-moeda inconversível, seguindo a trilha de estadistas como Itaboraí e Sousa Franco. Deputado geral de 1882 a 1885, proferiu longos discursos sobre o orçamento da Fazenda, nos quais exibia leituras amadurecidas e amplas como fonte das suas opiniões de economista liberal e spenceriano. Deputado à Constituinte de 1890, Bulhões criticou documentadamente a política de Rui Barbosa, que representava o contrário das suas opiniões. Chegou a considerar as finanças republicanas piores que as imperiais, que tanto atacara na Cadeia Velha.

Em janeiro de 1892, Bulhões foi eleito para integrar a cobiçada Comissão de Orçamento da Câmara dos Deputados, vendo reconhecidos os seus méritos de financista. Pormenores que merecem registro: Bulhões vinha suceder, na Comissão, ao Deputado Rodrigues Alves, que havia sido nomeado ministro da Fazenda, e, quando este se retirou da pasta, Floriano mandou convidar Bulhões para ocupá-la, sendo Aristides Lobo portador do convite. O jovem deputado recusou, no entanto, a honrosa oportunidade. Preferiu continuar na Câmara. O sucedido com Rodrigues Alves não era de molde a inspirar-lhe confiança.

Na Câmara, Bulhões sustentou os mesmos pontos de vista de Rodrigues Alves, contrários à pluralidade de bancos

Rodrigues Alves - Tomo 2 - Página 438 - Thumb Visualização
Formato
Texto