Rodrigues Alves - Tomo 2

Apogeu e declínio do presidencialismo

Tibiriçá, a princípio, não se deu conta da situação. Pensou que podia pressionar o governo federal nos dois sentidos, obrigando-o a aceitar a valorização do café e o candidato paulista de sua preferência, no caso Bernardino de Campos. Mas, desde cedo, a conquista do duplo objetivo revelou-se inviável.

Assim, as coisas se foram organizando na direção das forças políticas. São Paulo conseguiu vencer a batalha econômica, forçando Rodrigues Alves a aceitar, ainda que não completamente, o plano da valorização. Mas São Paulo foi forçado a ceder na batalha política, e a concordar, também de má vontade, com a chapa presidencial Afonso Pena-Nilo Peçanha, solução que premiou os dois Estados participantes da manobra.(3) Nota do Autor

A unidade de ação entre os Estados cafeeiros foi se estreitando, à medida em que os seus governantes se convenciam da falta de interesse do governo federal.

Em outubro de 1905, Tibiriçá convidou Sales e Nilo para um encontro na cidade de Taubaté, do qual deveria resultar a solenização do acordo entre os três governos. O Presidente Francisco Sales, bem mineiro, deu resposta sabiamente condicionada. Observou que uma reunião sem resultados positivos seria "um desastre" e que, por isso, convinha que os planos do acordo fossem assentados previamente. Em seguida ponderou que, sem acordo da União, qualquer plano estadual seria inviável e que, portanto, o encontro dos três presidentes de Estado, sem audiência prévia do presidente da República, ficaria como "simples encenação".

Antônio Prado, amigo de Rodrigues Alves e não muito de Jorge Tibiriçá, concedeu, em setembro, entrevista ao Jornal do Comércio, opondo-se à valorização. Presidente da Estrada de Ferro Paulista e industrial, Prado, embora tivesse também negócios de café, através da forte casa exportadora Prado Chaves, sentia seus interesses predominantes ao lado da política financeira do governo federal e receava as consequências cambiais e monetárias da política valorizadora. É provável que essa entrevista, que foi muito comentada, tenha sido precedida de conversa entre Antônio Prado e Rodrigues Alves, pois este parece referir-se a ela, na mensagem de 1906.

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