competente, repetimo-lo, estudou até agora, com os elementos documentais e as investigações psicológicas necessárias, a invencível tendência de Rui Barbosa de tornar inviável aquilo que sempre mais desejou: ser eleito presidente.
Nas vezes anteriores ele lutou para perder; a vitória era impossível. Agora, porém, em 1919, continuou a lutar pela derrota do que almejava, num momento em que a vitória seria possível, e até bastante fácil. Um mínimo de tolerância teria evitado o destampatório do seu manifesto contra o velho amigo, do que depois, como vimos, se arrependeu. Um mínimo de humildade tê-lo-ia feito aceitar a embaixada à Conferência da Paz, que Rodrigues Alves lhe ofereceu imbuído somente dos melhores sentimentos de patriotismo e moderação como o próprio Rui, na campanha presidencial de 1919, expressamente reconheceu. A ausência voluntária de Rui criou a presença involuntária de Epitácio. Os discursos de Epitácio na Convenção de junho e no banquete de outubro eram o reverso da medalha do desastradíssimo manifesto de Rui assim como a investidura de Epitácio (projetado por aqueles discursos) na Conferência da Paz, foi o reverso da medalha da recusa inexplicável de Rui. Rui Barbosa foi, no meio político, o maior eleitor de Epitácio Pessoa, cuja candidatura veio, no entanto, a combater com a sua própria, na mais heroica e inútil das suas campanhas, procurando, pela última vez, o gosto estranho da derrota.
Eleito, Rodrigues Alves permaneceu no seu retiro de Guaratinguetá, onde, naturalmente, passou a ser diretamente informado dos principais acontecimentos e, às vezes, consultado sobre eles; destinatário de mensagens de todo o país e anfitrião de visitantes de passagem, que vinham cumprimentar o velho sol renascente, não raro pedir-lhe amparo a pretensões pessoais, como, por exemplo, Medeiros e Albuquerque, que aspirava à prefeitura do Rio de Janeiro.
As cartas escritas a Altino Arantes, entre julho e setembro de 1918, mostram o seu excelente estado mental e a permanente atenção com que acompanhava os acontecimentos.
A 5 de julho, escreveu longamente sobre a geada e certa praga que devastavam os cafezais paulistas. Fala como fazendeiro, aludindo a medidas preventivas de técnica agrícola, e fala como governante, expandindo-se em considerações sobre providências administrativas adequadas a enfrentar a situação.
A carta de 16 de agosto já é bem diferente. Nela é o ex-ministro da Fazenda que, a pretexto de opinar, de fato orienta