Rodrigues Alves - Tomo 2

Apogeu e declínio do presidencialismo

"seus conhecidos assomos" (a expressão é de Altino), parecia quase certamente escolhido, no dia 22 de outubro.(4) Nota do Autor

No dia 24, Rodrigues Alves foi atacado pela gripe espanhola. Como seu estado não fosse grave, continuou nas negociações. Deixa-se de falar em Washington Luís para ministro da Justiça. Rodrigues Alves mandou então convidar Cardoso de Almeida. Mas este, no dia 8 de novembro, em carta muito atenciosa, recusou a pasta.

O Conselheiro, de tão fraco, não estava em condições de escrever. Seu filho José, o diplomata (o Juquinha), tinha chegado da Europa, atravessara apavorado o Rio de Janeiro devastado pela gripe e fora juntar-se ao pai em Guaratinguetá. Foi o Juquinha quem telefonou, naquele mesmo dia 8 de novembro, a Altino, dizendo que o pai não escreveria "para não se fatigar muito", mas pedia que o presidente insistisse junto a Cardoso de Almeida, seu velho colaborador de confiança, para que viesse servir com ele. Cardoso recusou de novo, sem maiores explicações. No fundo, o velho já estava abandonado em Guaratinguetá. As coisas se explicavam por si mesmas. A posse estava a uma semana e o presidente não podia escrever, nem mesmo telefonar, pois o filho é que falava por ele.

A interpretação do afastamento dos dois prestigiosos paulistas pode ser atingida por uma conjetura nada temerária: ambos queriam suceder Altino na presidência do Estado.

O mandato em curso iniciara-se em 1916 e terminaria em 1920, ao passo que o governo federal, a começar em 1918, só em 1922 teria conclusão. Os possíveis candidatos não queriam se afastar da política local, ocupando postos federais cuja importância serviria para a exclusão dos seus nomes, uma vez que já se encontraria atendido aquele que fosse ministro.

Que esta conjetura é fundada, prova-o o fato de Washington Luís, tendo sido chamado ao Rio por Epitácio, em 1919, e convidado para ocupar a pasta da Guerra, ter recusado obstinadamente o convite, apesar das instâncias de alguns paulistas.(5) Nota do Autor E recusou bem, pois foi ele, que era mais temido do que simpatizado, ele, o "paulista de Macaé", quem veio substituir Altino Arantes em 1924. Se fosse ministro de Epitácio, perderia a vez.

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