Rodrigues Alves - Tomo 2

Apogeu e declínio do presidencialismo

na gripe espanhola. Morreram no mês 5.676 pessoas, de gripe, no Rio de Janeiro.

No dia 23 de outubro, por exemplo, o Jornal do Comércio publica o seguinte:

"Sabemos que o governo, a fim de facilitar o intenso trabalho que se faz atualmente com o enterramento de cadáveres, ordenou o contrato de coveiros a preços vantajosos para auxiliarem esse serviço urgente, fazendo-se as remoções regulares de corpos ainda insepultos".(3) Nota do Autor

E, no dia 26, completa o mesmo jornal a informação:

"Graças às enérgicas providências do Dr. Carlos Maximiliano, ministro do Interior, que ocupou o cemitério de São Francisco Xavier, ficou ontem perfeitamente normalizado o serviço de enterramento nessa necrópole. Desapareceu o terrível espetáculo de cadáveres insepultos, acumulados pelos depósitos e pelas ruas do cemitério, empestando o ar de forma horrível pela decomposição rápida."

Na segunda quinzena de outubro, o mal já começava a invadir rapidamente o interior. Dos portos, por onde entrara, propagou-se ao mais longínquo sertão. No dia 30, o próprio Venceslau estava acamado, embora seu estado não fosse grave, como anunciou o médico assistente, Miguel Couto. Era a peste à solta, como no Apocalipse.

Rodrigues Alves ia contraí-la e ser vitimado pelas suas consequências. No entanto, antes de se sentir completamente incapaz de assumir o governo, continuava a se esforçar por constituí-lo. O esforço que deu de si nesses últimos dias foi impressionante e deve ter contribuído para o agravamento de suas condições físicas. Procurava resolver a questão da pasta do Interior e Justiça, dadas as reações que encontrava, no meio paulista, para a aceitação de Epitácio. Washington Luís, apesar dos

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