Rodrigues Alves - Tomo 2

Apogeu e declínio do presidencialismo

Mas Rodrigues Alves lutava sempre. Até o fim. No dia 11, naquela situação precária, ainda fez expedir a Borges de Medeiros o seguinte telegrama:

"HOJE ME DIRIJO AO DR. ILDEFONSO PINTO PEDINDO QUE ACEITE O MINISTÉRIO DA AGRICULTURA EM MEU PRÓXIMO GOVERNO (...). PEÇO-LHE INTERVENHA PARA O ILUSTRE DR. ILDEFONSO PINTO NÃO SE NEGUE DE AUXILIAR-ME.''

Impotente no fundo de uma cama, na velha casa dos avós, onde se casara e vivera grande parte dos seus dias, o Conselheiro sentia que o vácuo se formava em torno de si. Os paulistas evitavam colaborar; seu estado físico não inspirava confiança; os jornais (raramente ele os lia, porque a família os sonegava à sua leitura) falavam francamente do seu provável afastamento; mas ele procurava, apesar de tudo, cumprir com seu dever. À beira da morte, apelava para uns e para outros. Agora se dirigia ao velho Borges, seu companheiro de Constituinte, grande figura provinciana e nacional. Dirigia-se ao adversário, em cujos sentimentos de honra e amor à República confiava, para humildemente pedir-lhe auxílio na sua dura tarefa.

As tratativas para formação do ministério parece que se deslocaram para o Rio, escapando à supervisão do presidente paulista, o qual era substituído até certo ponto por Álvaro de Carvalho, cuja residência no Rio facilitava os encontros com os políticos federais.

Ficava assim a situação: o presidente enfermo acompanhando, informando-se e selecionando os nomes que lhe eram sugeridos pelos seus líderes no Rio; Álvaro e outros amigos, no Rio, estabelecendo os contatos; Altino, em São Paulo, sendo mais informado do que consultado.

No dia 12, Elói Chaves, chegando de Guaratinguetá, à noite, comunicava a Altino que Rodrigues Alves convidara mais dois ministros: Afrânio de Melo Franco, para a Viação, e Urbano Santos para o Interior e Justiça.

Rodrigues Alves atribuía, como já ficou dito, importância especial à pasta da Viação, que tão grande relevo assumiu no seu primeiro governo, sob a chefia de Lauro Müller. Sua primeira intenção era prover nela um dos homens que mais admirava no meio político federal, o deputado mineiro Pandiá Calógeras. Com esse fito despachou para o Rio o filho mais velho, deputado,

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