D. Pedro

Jornada a Minas Gerais em 1822

PEDRO CALMON

EDUARDO CANABRAVA BARREIROS deu-nos um livro admirável: o Itinerário da Independência, ou seja, a viagem triunfal do Príncipe D. Pedro a São Paulo. Faltava o livro igualmente descritivo, igualmente meticuloso e histórico, igualmente documentado com todas as notícias imagináveis da "outra" incursão que mudou a face do País: a incrível Jornada a Minas Gerais. Quando o Príncipe — em abril e maio de 1822 — foi pessoalmente prender aos destinos da nacionalidade os impulsos autonomistas da província, escalando a cordilheira para "descobrir", nas raízes municipais e na solidão orgulhosa, a rija opinião brasileira.

O paralelo impõe-se.

Sem a impetuosa entrada pelas Minas, no momento em que a sua autoridade se circunscrevia ao Rio de Janeiro (negada no norte, problemática no sul, discutida em São Paulo, posta em Lisboa fora da lei), talvez a relutância ou a desobediência dos poderes locais formasse em torno do poder central o fácil bloqueio das desconfianças — pois o Príncipe continuava a dinastia — e das ideias — pois contra ela se uniam os liberais. Se não contasse com os mineiros, possivelmente não contaria com os paulistas. Nem contaria consigo mesmo, porque a primeira consequência dessa cavalgata veloz pelas "alterosas montanhas" foi o seu encontro com as populações, para além do estreito horizonte da corte, as fontes e as forças do império, ao som dos sinos paroquiais, a bênção dos humildes, em forma de "aclamação"; "unânime aclamação" do povo. Pela primeira vez, subiu aquelas serras, donde descera (oferecendo-se ao holocausto) o sonho de Tiradentes, a decisão da Liberdade.

Importa menos saber a impressão que o Príncipe causou nos arraiais de Minas, do

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