Novo caminho no Brasil Meridional

A província do Paraná. Três anos de vida em suas florestas e campos – 1872/1875

ESTE LIVRO

O depoimento do escritor e engenheiro inglês Thomas P. Bigg-Wither aqui registrado representa algo de inconfundível em relação aos outros testemunhos prestados sobre outras regiões brasileiras. O Paraná, de cem anos atrás, de que ele se ocupa, não constituía ainda nada de promissor, nem dava margem a qualquer espécie de antecipação do que seria no futuro. Não era ainda aquela "Terra do Futuro" que um de seus filhos ilustres chegou a vaticinar cerca de sessenta anos atrás, possibilitando já uma ideia do que a região, tachada simplesmente como zona de passagem no tempo de Bigg-Wither, viria a alcançar nestes últimos quarenta anos, em matéria de desenvolvimentismo em vários planos da vida brasileira, sem esquecer São Paulo, cujas pegadas lhe tem sido dado acompanhar bem de perto, para suplantá-lo até na produção de café, o nosso maior produto, sem falar nos cereais, de que ele hoje é também o maior produtor do Brasil. Esse Paraná de hoje tinha alguma coisa que ver com o Paraná de cem anos atrás? Aparentemente não. Só uma ou outra vez o observador inglês se atrevia a fazer alguma previsão lisonjeira no sentido de estimular a vinda de europeus que quisessem colonizá-lo, em moldes diferentes dos tentados por duas colonizações inglesas fracassadas. De qualquer modo, ele se interessou da maneira mais carinhosa possível pelas nossas coisas, pela nossa natureza, pela nossa fauna, pela nossa flora, pelos nossos rios, pelas nossas florestas, cujos segredos chegou a penetrar como ninguém. Não é possível esquecer também o seu interesse pela nossa gente como espectador imparcial e atento, nada deixando escapar, não só do que era visível, como também do que era invisível, ou seja desta parte reprimida e silenciosa, que seria a mais vasta reserva para o futuro.

Encantado com tudo quanto pudera ver e sentir em seu derredor, Bigg-Wither não escondia os seus sentimentos de homem civilizado, de resto não muito satisfeito com o seu Velho Mundo, ao exaltar o tipo de vida quase idílica, nos seus contatos com a selva paranaense, que aqui se levava, e de que não se esqueceria jamais, a ponto de alimentar a íntima esperança de poder rever aquelas verdes campinas e grandiosas e taciturnas florestas que tanto lhe povoaram a imaginação de homem prático, sempre empenhado em encontrar

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