Sendo interrogado o dito Joaquim congo referido.
Disse que hé verdade que recebia alguns dinheiros dos parceiros e entregava a Miguel escravo do Alferes Teodoro Francisco de Andrade, e este entregava ao cabeça Diogo, escravo de Joaquim dos Santos, e este Diogo remetia para São Paulo.
Disse mais que fazião varios ajuntamentos nocturnos, escondidos de seus Senhores, e que tão bem deo elle testemunha digo deo elle Reo humas calças que custou quatro patacas e hum Lenço que custou hum cruzado, e assim mais que o dito Diogo enganava a maior parte delles dizendo em humas raizes que lhe dava que era para livrar de feitiços e que tinha hum Livro com a pintura do nariz de cachorro que era para adivinhações.
Sendo perguntado Felizardo crioulo.
Disse o mesmo que os outros, respeito a raizes, e que deo trez patacas a Miguel para este entregar a Diogo escravo de Joaquim dos Santos e dizia este que remetia o dinheiro a hum seu parente na cidade de São Paulo, e fazião ajuntamentos de noite oculto dos brancos, e disse mais que estas meizinhas era para amansar aos brancos para as armas dos mesmos não ofenderem a elles pretos e se levantarem afoitamente com os mesmos brancos, mata-los, eficarem elles pretos todos forros, e que lhe dizia o Diogo que era precizo chegarem todos a huma dobla para ficarem bem crivados de chumbo, armas dos brancos = Repreguntando se ao Joaquim congo pelo dito de Felizardo, disse ser verdade que com effeito as meizinhas se derigião a amançar aos brancos e livrar a elles pretos do chumbo, e armas dos brancos digo do chumbo, faca, e rondas da villa e a seu salvo matarem os brancos, e ficarem libertos.
Sendo interrogado o escravo Tristão cabiuda.
Disse que elle tão bem era entrado e que da sua parte deo dez patacas a Miguel, a gente das cobranças, e este entregava o dinheiro seu, e dos outros ao Diogo dito e este remettia para São Paulo a outro cabeça, como era o Diogo, e que com effeito fazião ajuntamentos de noite ocultos dos brancos e que por este dinheiro hião recebendo meizinhas para casar aos brancos, e amançalos, para não offenderem a elles pretos com as suas armas e chumbo, e depois elles pretos se levantarem matarem aos brancos afoitamente, e ficarem libertos, cujo levante seria na ocazião de huma festa, e ajuntamento de brancos.
Sendo interrogado o escravo Malaquias.
Disse que deo emprestada huma vestia a Miguel do Alferes Teodoro, e este não lhe deo mais, eprincipiou a induzilo para tomar meizinha e que mais nada sabe, cujos escravos forão perguntados e responderão voluntariamente independente de castigo, nem prizão.
Do que para constar fis este Termo que assignam o Juiz e officiais.
Eu Manoel Francisco Monteiro Escrivam de Pas o escrevi = Cunha = Joaquim José Soares de Carvalho = João Maria de Couto =
Mandou elle Juiz declarar que Manoel de Campos Penteado visto que assistio atoda a interrogação e respostas dos escravos acima mencionados de sua Mai, e como administrador dos mesmos, que tão bem assignasse, e assim tão bem a Antonio Januario Pinto Ferráz por ter a tudo prezenciado, e assentido.
Eu Manoel Francisco Monteiro Escrivão que o escrevi = Cunha = Manoel de Campos Penteado = Antonio Januário Pinto Ferráz = Joaquim José Soares de Carvalho = João Maria de Couto =
PERGUNTAS AO PRETO FRANCISCO CRIOULO
ESCRAVO DE SUTERIO ANTONIO
No mesmo dia declarado no Termo retro entrando em perguntas Francisco crioulo, escravo de Suterio Antonio.