demonstrar ao novo presidente que, sendo o seu antecessor, notoriamente, um católico fiel às práticas da sua confissão espiritual, as homenagens rendidas ao morto deviam revestir a forma de exéquias, celebradas segundo o rito do seu culto."
Inútil insistência. Nilo Pessanha firmou-se no secularismo republicano. Não houve exéquias mandadas celebrar pelo governo que só demonstrariam respeito às crenças do grande morto. Mas o povo acorreu em massa às missas celebradas a pedido da família e dos amigos fiéis.
O episódio criou antipatia por Nilo. Grande personalidade maçônica, tendo alcançado o posto de Sob:. Gr:. Cons:., o ato foi interpretado como sectarismo e antipatizado por grande numero de católicos. Mas não há nada como um dia depois do outro. Nos últimos lampejos da vida pediu os sacramentos da Igreja, que recebeu das mãos do abade de São Bento. D. Pedro Eggerath. E sua câmara ardente armou-se na matriz da Glória oferecida pelo Cardeal Arcoverde. Assim findou a Igreja a velha disputa.(8) Nota do Autor
Encerrou-se, assim, o capítulo histórico chamado "República dos Conselheiros". A luta sucessória, a primeira que se travou na praça pública, marca o início de uma nova fase da República que termina com a revolução de 1930.
A falta de um chefe com autoridade moral na campanha que se seguiu foi expressa de modo insuperado pela palavra de Rui Barbosa:
"[...] quando em torno de nossos esforços entraram a crescer as ondas desta agitação, a ausência do benemérito estadista, a lembrança da sua perda quase trágica, nos anoitecia a atmosfera com a obscuridade de um eclipse, derramando sobre nós a tristeza de uma grande saudade."(9) Nota do Autor
Mas dos primeiros presidentes vai ficar na consciência pública a imagem de varões inatacáveis do ponto de vista moral. Cometeram-se erros, sem dúvida. Mas o regime firmou-se e vai conservar na lembrança popular o respeito pelos que balizaram a nova pátria:
Gigantes autem erant super terram in diebus illis.