Afonso Pena e sua época

do Dr. Afonso Pena aos termos dos boletins de diagnóstico e atestado final de óbito.'

Chamar categórico a isso é zombar do próximo. Categórica é a repulsa, que a defesa da minha honra me obriga a opor a tão injuriosa insinuação. Só ela atenta contra a verdade.

Nos termos em que me ocupei da moléstia do Dr. Afonso Pena, reproduzi quase textualmente os em que o sábio facultativo, meu muito caro amigo, me expôs o caso, enumerando como ilesas as vísceras essenciais do morto, e dando por causa da morte o traumatismo moral que lhe abalara a enervação, e a mergulhara na mais grave astenia. Poderia acrescentar, se fosse mister, considerações e circunstâncias, com que o meu autorizado informante corroborava o seu juízo, claro, inequívoco, peremptório, acessível à inteligência dos mais leigos no assunto.

Eis o meu depoimento. Eu o lavro sob a minha palavra de honra. Eu o assevero debaixo do juramento mais solene. E, se não sou vigorosamente exato, desmintam-me os médicos assistentes, ou os ministros, que, reunidos e não reunidos, os ouviram."

Outro debate teve de sustentar Rui Barbosa a propósito das homenagens fúnebres. O projeto do Senado, logo enviado à Câmara, previa exéquias em memória do estadista falecido. Afonso Pena fora sempre fiel aos seus princípios religiosos. Praticava conscienciosamente os sacramentos. Todas as quintas-feiras dirigia-se, em Botafogo, à casa dos Lazaristas, seus antigos mestres no Caraça, para confessar-se. Aos domingos nunca faltou ao comparecimento à missa. Foi o primeiro presidente que praticou publicamente a sua fé. No palácio do Catete espantou-se por ver a antiga capela transformada num salão comum, conservando-se somente o antigo nome de Sala da Capela.

Era natural que as cerimônias fúnebres obedecessem ao rito da Igreja a que ele pertencia.

"Que de remoques", disse Rui Barbosa, em sua conferência em Belo Horizonte de 1910, "não custava ao Conselheiro Afonso Pena a sua assiduidade, quando presidente, no frequentar da missa aos domingos!

***

Quando faleceu o Conselheiro Afonso Pena, o benemérito estadista vitimado pela candidatura militar, na própria noite do trespasse, conferi com o vice-presidente, cujo advento ao governo acabava de se verificar, sobre uma questão suscitada a propósito das honras tributáveis à memória do egrégio finado.

Ocupando-me do assunto, com as notícias que dele tenho, busquei

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