Afonso Pena e sua época

Presidente limitou-se a manifestar o seu aplauso a essa resolução espontânea do seu ministro.

Com essa retificação concordou plenamente o Sr. Marechal, como pode dar testemunho o Sr. ex-Ministro do Interior, presente à conferência.

Para que se não diga que negamos os fatos, somente nos termos escritos em que eles foram expostos pelo ilustre senador fluminense, diremos, em complemento à afirmativa atribuída ao Sr. ex-Ministro da Guerra que o único pronunciamento do Sr. Marechal Hermes feito ao Sr. Presidente contra a candidatura do Sr. Dr. David Campista, se contém no segundo tópico da sua carta. Aí, renovando solenemente a declaração de que não era nem jamais fora candidato à cadeira presidencial, principalmente em contraposição a um ilustre companheiro de governo, candidato do presidente e de alguns amigos políticos à sua sucessão, o Sr. Marechal Hermes acrescentou: 'Entretanto, permita-me V. Ex.ª que não deixe passar sem reparos a dificuldade latente em que V. Ex.ª se encontra para a aceitação dessa candidatura que não tem raízes na opinião nacional e cuja insistência pela sua aceitação pode acarretar sérios embaraços à patriótica administração de V. Ex.ª. Como seu amigo, como brasileiro com responsabilidade no regímen sou levado a impetrar a esclarecida atenção de V. Ex.ª para uma solução republicana que assegure a paz e a serenidade nos espíritos preocupados com o dia de amanhã'.

Ainda estas afirmações foram contestadas pelo Sr. Conselheiro Afonso Pena que disse não se tratar de um candidato dele, mas do Estado de Minas e que S. Ex.ª não podia deixar de aplaudir tal candidatura, visto tratar-se de um político mineiro, dos sete companheiros de governo na pasta da Fazenda, de um político digno por todos os títulos e, portanto, natural continuador da sua política financeira, e de um seu amigo pessoal. Via essa candidatura com toda simpatia, mas daí a fazer dela uma candidatura oficial ia uma grande distância, nada tendo feito para impor a quem quer que fosse a sua aceitação da mesma.

O próprio Sr. Marechal era testemunha da isenção de ânimo com que, praticava o governo de que ele era colaborador. O Sr. Marechal concordou com tais afirmações, corroborando-as.

Muito a contra gosto me vejo forçado a entrar, embora excepcionalmente, no debate político que agita e perturba o espírito público no momento atual. Julguei de meu dever não deixar, sem retificação necessária, afirmações partidas de pessoa, cujos conceitos têm para a Nação a maior valia. Fazendo-o, nem um só momento ponho em dúvida a boa-fé do preclaro estadista que os emitiu, pois de S. Ex.ª a memória sagrada do Conselheiro Afonso Pena tem recebido altas homenagens que revelam o elevado apreço em que S. Ex.ª tem o malogrado morto.

Muito agradecerei, Sr. Redator, a publicação destas linhas, sendo meu propósito não entreter polêmica sobre o assunto.

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