Gaúchos e beduínos

A origem étnica e a formação social do Rio Grande do Sul

Depois que os Padres da Companhia de Jesus abriram a virgem cortina das matas do Uruguai para o levantamento das reduções missioneiras nos mesmos territórios que Pinto Bandeira, Manoel dos Santos Pedroso e José Borges do Canto reincorporariam, mais tarde, pelas armas, ao patrimonio português da América, desceram os bandeirantes mamalucos perlongando as riçadas encostas da Serra Geral à procura das planícies invadidas pela gente de Castela e Aragão. Encontraram os pioneiros de Piratininga a antemurada dos chapadões que se erguem ao nordeste do Rio Grande, cortados a pique, em paredões quase uniformes e em abismos abruptos. Embaixo, bem ao fundo da paisagem, a orla das praias oceânicas cobertas de areia dourada e estéril. O passo arrojado, que a ambição alimentara, fora violentamente impedido pelo traço contínuo das montanhas. O espírito do bandeirante não se deixou, porém, abater diante da primeira tentativa frustrada. Mais para o Sul, em campos de Vacaria, onde a serra se debruça para o leste, o olhar inteligente do mestiço ameríndio descobriu o declive praticável, contornando as arestas da voragem. E a mata espessa e emaranhada começou a cair aos golpes do facão da conquista. Abria-se a primeira picada à penetração em terras do Rio Grande, pelo norte. E o Rio Grande, a prolongar-se na Cisplatina do Sul,

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