DESCONHECIDO e complexo, quer na sua geografia, quer na sua história, quer na sua organização social, o Oeste brasileiro permanece uma incógnita. Houve um momento, na distensão territorial da colônia, em que ele surgiu como uma gigantesca promessa. Seria a fonte inesgotável de todas as riquezas e representaria, ao mesmo tempo, a possibilidade de fuga ao fisco litorâneo, expresso na autoridade dos mandatários do erário lusitano. A arremetida das bandeiras, entretanto, cessado o motivo que a suportava, descaiu bruscamente, deixando uma conquista extensa onde os centros de população se dispersavam.
O declínio devia ameaçar a projeção geográfica que continha, em si mesma, as origens da própria destruição. A decadência do movimento bandeirante, quer o que se ligava à caça ao índio, quer o que se prendia à conquista do ouro, — o aparecimento, décadas depois, da lavoura cafeeira, abrindo caminho pelo vale do Paraíba do Sul — e a obra de centralização empreendida pelo segundo império, — deviam conduzir ao depauperamento extremo das populações do Oeste.
Meio século caracterizado pela federação republicana marcaria um profundo hiato, findo o qual a nacionalidade regressaria às fontes primárias e básicas da sua consolidação: o advento da hegemonia inconteste do poder central sobre as organizações regionais e a marcha lenta e contínua da civilização no sentido do interior.
A ascendência acelerada da produção cafeeira, o percurso das suas lavouras rumando para a barranca do Paraná, a necessidade, cada vez mais premente, de integrar as ricas regiões intervaladas entre o Paraná e o Paraguai, já notáveis pela cultura pastoril, — conduziram