Visão do paraíso

Os motivos edênicos no descobrimento e colonização do Brasil

do mercantilismo. E acrescenta que nenhuma outra nação chegou a ir tão longe nesse sentido quanto Portugal, ressalvando, no entanto, que assim se dera especialmente nos primeiros tempos. Pois antes da jornada de Vasco da Gama ainda teriam existido companhias particulares, fundadas aparentemente nos moldes das maone genovesas e depois, com o descobrimento do Brasil, deveria abrir-se aqui um novo campo ao mesmo tipo de sociedade.(34) Nota do Autor

Outro historiador, a quem se devem numerosos e valiosos estudos sobre as origens da colonização atlântica, tem procurado, em mais de um trabalho, restringir a extensão atribuída a esse monopólio régio. "Ao contrário do que se acreditou", escreve com efeito o Professor Charles Verlinden, "a colonização portuguesa não foi, desde o início, uma colonização sujeita ao monopólio régio. Muitas das empresas coloniais montadas por D. Henrique, o Navegador, foram sociedades de participação múltipla."(35) Nota do Autor

É possível que pesquisas mais acuradas nos arquivos de Portugal possam confirmar estas opiniões, reduzindo o que possa haver de discrepante entre sua ação ultramarina e a atividade colonizadora das Repúblicas italianas. Por ora elas parecem pelo menos comprometidas, depois das devastadoras críticas a que deu origem a tese das pretensas companhias comerciais lusitanas dos séculos XV e XVI, exibindo "todas as características das sociedades por ações dos séculos XVII e XVIII", que se viu equiparada a uma inqualificável burla.(36) Nota do Autor A verdade é que a Coroa, no que toca aos senhorios de ultramar, não renunciou, senão em termos restritos, à ação direta, e ainda assim o fez nos casos em que esta não prometesse imediatamente bom sucesso. É o que sucederá de algum modo no Brasil, cuja colonização efetiva tem início, por outro lado, num momento em que a força expansiva de Portugal parece ameaçada de colapso.

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