Esse corte nos relata uma história fácil de compreender. Já numa fase adiantada do período terciário, depois que as montanhas da cidade do Rio de Janeiro se haviam erguido, e quando a região se apresentava num nível um pouco mais baixo, depositaram-se as argilas estratificadas, que descrevi há pouco, por sobre toda a área da bacia da Baía do Rio de Janeiro e das terras baixas adjacentes. Estas, com toda a probabilidade, se ergueram mais tarde, conforme tratarei de demonstrar, a uma altura maior do que presentemente, e foram sujeitas à ação aquática e glacial. Devido à forma da bacia e ao grande número de cursos d'água que nela vão ter, e também ao fato de ser esta bacia o ponto de convergência das geleiras das montanhas circundantes, não é de admirar que, ao longo desse trecho da costa, as argilas hajam sido tão completamente atacadas e transportadas para longe, deixando apenas pequenas porções orlando as praias em alguns trechos algum tanto protegidos. Parece um argumento em favor da predominância da ação glacial nessas regiões que a denudação haja sido tão completa, se bem que eu esperasse encontrar o terreno mais entrecortado de vales, deixando maior quantidade de massas expostas. Quanto à idade de tais formações, isto é da argila, mais tarde referi-as ao Terciário, não obstante estar o Professor Agassiz inclinado a considerá-las como drift. Acredito, com o Professor Agassiz, que o depósito superficial de argila vermelha seja drift. As areias estratificadas foram depositadas em águas rasas, na ocasião em que o mar estava a alguns pés somente mais acima do que atualmente, e foram soerguidas por um levantamento recente do litoral, — soerguimento que suponho ainda se esteja processando. A vaza recente, ora acumulada pelos sedimentos trazidos pelos cursos d'água, forma uma orla externa de atoleiros nas praias levantadas,