Havendo introduzido o leitor no conhecimento dos aspectos gerais geológicos e topográficos das cercanias da cidade do Rio de Janeiro, examinemos mais de perto agora o fenômeno do drift que aí se pode observar. Nas notas que se seguem, limitei propositadamente aos resultados de minhas observações pessoais, feitas durante demoradas excursões nas cercanias do Rio, e num minucioso exame de cada corte da Estrada de Ferro D. Pedro II, do Túnel Grande até Ipiranga, resultados a respeito dos quais fiz um longo relatório ao Professor Agassiz. Relacionado a esse assunto, levaremos em consideração alguns elementos topográficos de grande importância que aparecem nas montanhas do Rio e da Serra do Mar. Observando as montanhas de gnaisse do Rio e de suas vizinhanças, vemos que elas são invariavelmente recobertas, onde o declive não é demasiado íngreme, pela mesma capa de solo avermelhado que observamos na Estrada de Ferro de Cantagalo. Pode ela variar mais ou menos na grossura ou finura de seus ingredientes, mas apresenta invariavelmente por toda parte o mesmo caráter geral de uma camada de material sem estrutura, composto de gnaisse de formação mais completamente alta, destituído de estratificação, e apresentando sempre uma cor vermelha carregada que passa a amarelado na superfície, particularmente onde o material é arenoso e leve. Há raramente humo, pois a decomposição dos vegetais é tão rápida que não permite que se acumule sob a forma de solo, como nos países do norte. Essa cobertura de argila varia em espessura de poucos a uma centena de pés; ora é duro e difícil de cozer ao forno, ora é mais leve e arenoso. Costuma ser isento de mistura com matações (boulders), mas às vezes ocorrem nela fragmentos angulosos de quartzo, de tamanho considerável, juntamente com massas arredondadas e angulosas de gnaisse ou diorito. Esta última rocha apresenta-se sempre num estado de decomposição,