O grande livro de Hartt foi publicado em Boston, 1870. Era atualmente raridade bibliográfica. Esta edição, entregue ao cuidado e a capacidade de Edgard Süssekind de Mendonça, há de ser uma alegria para os amigos da natureza brasiliana e para os admiradores do sábio fundador da nossa geologia.
Hartt foi sempre uma das minhas grandes estimas. Quando entrei para o quadro dos professores do Museu Nacional, em 1906, encontrei na veneranda morada, ainda bem viva, a lembrança dele. João Batista de Lacerda e Eduardo Teixeira de Siqueira tinham sido seus colegas; e de ambos recolhi notas e observações sobre o grande naturalista.
O encanto que tem os trabalhos de Hartt vêm, ao que penso, dos acentuados traços artísticos da sua personalidade. Era muito observador, incansável e atento; mas possuía alma de apurada sensibilidade. Hartt era mestre do desenho a bico de pena e pianista de seguros dotes. Este livro está muito longe de ser um apanhado enxuto e áspero de geologia do Brasil. Ao contrário. Nela palpita a vida do nosso povo, na época de Hartt; usos, costumes, notas históricas, anedotas, traços de informações locais e cores bem típicas, todo o panorama do Brasil de 1870.