O rico solo negro que tem estado em formação por séculos, nas grandes ravinas, pela queda das folhas, cobre-se de fetos herbáceos (dorstenias, heliconias, begonias) e outras plantas amigas de sombra e umidade, ao passo que acima dele se erguem os altos e grande fetos arborescentes e as nobres palmeiras cujas folhas estremecem à mínima viração. Mas são as árvores gigantescas da, floresta as que produzem a mais forte impressão na mente do estrangeiro. Bem senti a verdade da observação de Humboldt, que, quando um viajante recém-chegado da Europa penetra pela primeira vez nas selvas da América do Sul, a natureza se lhe apresenta sob tão inesperados aspectos, que ele mal pode discernir o que mais lhe excita a admiração — se o profundo silêncio dessas solidões, se a beleza individual e o contraste das formas ou o vigor e frescura, da vida vegetal que carateriza o clima dos trópicos. (*)Nota do Autor.
O que primeiro fere a atenção é o tamanho das árvores, sua grossura e a altura a que se erguem os troncos sem ramos. Então, em vez dos poucos musgos e liquens que cobrem o tronco e os galhos das árvores selváticas dos climas temperados, aqui elas se recamam desde a raiz até a extremidade dos menores ramos com fetos, aroideae, tillandsias, cacti, orchideae, gesneriae e outras plantas epífitas. Além disso, muitos dos grandes troncos são cingidos pelas hastes das bignonias e arbustos similares, cujos ramos por vezes se engrossam e comprimem a árvore de tal forma, que ela sucumbe ao estreito abraço. As trepadeiras que apenas se agarram ao tronco, sustentadas por numerosas e pequenas raízes, por vezes se desprendem depois de alcançar os galhos, e, quando são muitas, dão ao tronco a aparência de um grande mastro suportado por seus espeques. Estas trepadeiras e cipós, passando de árvore a árvore, descendo dos ramos ao chão, e subindo de novo a outros galhos, enredam-se de mil modos e tornam difícil e incômoda a passagem por essas partes da floresta.