Através do sertão do Brasil

par de botas de couro, com atacadores, que me subiam até os joelhos. Os dois naturalistas me haviam prevenido de que convinha usar ou perneiras ou botas altas como proteção contra cobras; levei também luvas por causa dos pernilongos e mutucas. Pretendíamos, sempre que possível, alimentar-nos com o que pudéssemos encontrar, mas levamos algumas rações de emergência, das que se usam no exército, e também 90 latas, cada uma com provisões diárias para cinco homens, preparadas por Fiala.

O roteiro que me propunha percorrer só pode ser compreendido por quem tenha certo conhecimento da topografia sul-americana. A grande massa da cordilheira dos Andes estende-se por toda a extensão da costa ocidental, tão próxima do Pacífico, que nenhum rio importante nele deságua.

Os rios da América do Sul correm para o Atlântico. A extremidade meridional do continente, inclusive cerca de metade do território da República Argentina, é constituído, principalmente na zona temperada, de campos abertos. Ao norte desses campos e a leste dos Andes fica a grande extensão do continente sul-americano, que se inclui nas zonas tropical e subtropical. A maior parte desse território é brasileiro.

À exceção de certas áreas, relativamente pequenas, que são cortadas pelos rios costeiros, essa imensa região da América tropical e subtropical é cortada pelos três grandes sistemas potamográficos do Prata, do Amazonas e do Orenoco.

As bacias do Amazonas e do Orenoco ligam-se por uma espécie de canal natural.

As cabeceiras dos afluentes do Paraguai, que vêm do norte, e dos afluentes do Amazonas, que vão do sul, são separadas por uma grande extensão de planalto, que para

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