Através do sertão do Brasil

de um gênero especificado existem largas diferenças. Na jararaca, uma grande quantidade de veneno amarelo é injetado pelas longas presas do veneno; este veneno é secretado por volumosas glândulas que, entre as víboras, dão à cabeça sua forma peculiar de ás de espadas. A cascavel produz em muito menor quantidade o seu veneno branco, mas há compensação na qualidade, pois esse veneno branco é mais mortal. É a grande quantidade de veneno injetado pelas longas presas da jararaca, da rainha-do-mato e seus similares, que torna geralmente fatal sua mordida. Além disso, mesmo entre esses dois gêneros de víboras, as diferenças na ação do veneno são suficientemente acentuadas, de modo a serem facilmente reconhecíveis e a tornar o mais eficiente soro antiofídico destinado a um, um pouco diferente do destinado ao outro. No entanto, são suficientemente semelhantes para tornar essa diferença, na prática, de pouca monta. O mesmo soro pode ser usado para neutralizar o efeito de qualquer dos dois venenos e, como adiante veremos, a serpente imune para uma qualidade de veneno também é imune para a outra.

O efeito do veneno das colubrinas venenosas é totalmente diferente do efeito do veneno da jararaca ou da cascavel, embora seja tão mortífero como aquele. O soro que serve como antídoto à ação do veneno da víbora "buraqueira" é virtualmente inútil contra o das colubrinas. O animal imune à mordida de uma das espécies não o é à mordida da outra. A picada de uma colubrina venenosa é mais dolorosa em seus efeitos imediatos do que a picada de uma das grandes víboras. A vítima sofre mais. Produz maior efeito nos centros nervosos, mas menor inflamação da própria ferida; o sangue da vítima de uma cascavel coagula-se, ao passo que o da vítima de uma serpente elapina — isto é, de uma das

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