Através do sertão do Brasil

únicas colubrinas americanas venenosas — se torna aquoso e incapaz de coagulação.

As serpentes são altamente especializadas em todos os sentidos, inclusive quanto às suas presas. Algumas vivem exclusivamente de animais de sangue quente, mamíferos ou pássaros. Outras se nutrem de batráquios, outras unicamente de lagartos, apenas umas poucas só de insetos. Raras espécies se alimentam exclusivamente de outras serpentes. Nestas se inclue uma formidabilíssima serpente venenosa, a hamadríada indiana ou cobra gigante, e várias serpentes não venenosas. Na África matei uma pequena cobra que tinha na barriga outra, poucas polegadas menor do que ela, mas, tanto quanto me foi dado observar, a principal alimentação das cobras africanas não consistia em serpentes.

As serpentes usam o veneno para matar sua vítima e também qualquer possível inimigo que as ameace. Algumas são de boa paz e só atacam se forem atacadas ou ficarem seriamente assustadas. Outras são excessivamente irritáveis e algumas vezes, embora raramente, atacam por sua própria iniciativa, mesmo sem provocação nem ameaça.

Ao chegar a São Paulo, em nossa viagem do Rio a Montevidéu, visitamos o "Instituto Soroterápico", destinado ao estudo dos efeitos dos venenos das serpentes do Brasil. Seu diretor, o dr. Vital Brasil, tem realizado uma grande obra; suas experiências e investigações possuem, além de alto valor para o Brasil, muitíssimo valor para a humanidade em geral, como finalmente há de ser reconhecido. Não conheço instituto semelhante em parte alguma.

Instalado num belo edifício moderno, excelentemente provido de toda espécie de serpentes, vivas e mortas, com o objetivo de descobrir todas as propriedades

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