Através do sertão do Brasil

dos diversos venenos e de produzir soro antiofídico capaz de anular os efeitos dos diversos venenos. Por meio de demonstrações realizadas à vista do público, procura-se transmitir a todos os ensinamentos adquiridos nos laboratórios. Resultados notáveis se têm verificado com a diminuição da mortalidade por mordidas de serpentes no Estado de São Paulo. Em ligação com o Instituto, ao lado do laboratório, existe um amplo serpentário, no qual são conservadas numerosas serpentes venenosas e não venenosas comuns, e algumas das mais raras. O dr. Vital Brasil levou muito tempo trabalhando para descobrir se existem inimigos das serpentes venenosas em seu país e descobriu que o mais formidável inimigo das muitas serpentes perigosas brasileiras é uma cobra não venenosa, inteiramente inofensiva e pouco comum: a mussurana.

De todas as cousas interessantes que o dr. Vital Brasil nos mostrou, a mais curiosa, sem dúvida, foi a oportunidade de assistirmos à ação da mussurana sobre uma serpente venenosa. Começou o diretor do Instituto por mostrar espécimes de várias serpentes importantes, venenosas e inócuas, conservadas em alcool. Em seguida exibiu preparações das diferentes espécies de venenos e dos diversos soros antiofídicos, presenteando-nos com alguns tubos destes, para nosso uso na expedição. Ele conseguiu produzir dois tipos distintos de soro antiofídico: um para neutralizar a virulenta mordida da cascavel e outro para anular os efeitos dos venenos das outras serpentes do gênero lachesis. Esses venenos são um tanto diferentes e além disso parece haver certa diversidade entre os venenos de diferentes espécies de lachesis; em alguns casos o veneno é quase incolor e em outros, como no da jararaca, cujo veneno tive oportunidade de ver, é amarelo.

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