Através do sertão do Brasil

Mas, entre os venenos das víboras e os das serpentes colubrinas, como por exemplo a coral, a diferença é fundamental. Até agora o dr. Vital Brasil não conseguiu preparar um soro capaz de neutralizar o veneno dessas serpentes colubrinas. Praticamente isto é assunto sem importância no Brasil, porque as corais brasileiras somente são perigosas quando encolerizadas por quem, com a pele à mostra, fique exposto à mordida. Os numerosos acidentes e casos fatais que ocorrem continuamente no Brasil são quase sempre causados pelas mordidas das várias espécies de lachesis e da única espécie de cascavel ali existente.

Finalmente, o dr. Vital Brasil levou-nos à sala de conferências para mostrar como orientava suas experiências. As várias serpentes estavam em caixas, a um lado da sala, sob a guarda de um assistente impassível, que lidava com elas, com a mesma calma, a mesma ausência de medo com que procedia o próprio doutor.

As venenosas eram tiradas para fora, por meio de um gancho de aço, de cabo comprido. Para isso, basta passar o gancho por baixo da serpente e levantá-la no ar, onde fica incapacitada não só de fugir como de dar o bote, pois só pode fazê-lo enrodilhando-se para obter o apoio necessário ao impulso. A mesa, sobre a qual as serpentes são colocadas, é bastante larga e polida, em nada diferente de uma mesa comum.

Éramos um grupo um tanto numeroso na sala, incluindo dois ou três fotógrafos. O dr. Vital Brasil colocou primeiro sobre a mesa uma serpente colubrina não venenosa, muito poderosa e agressiva. Dava bofes a torto e a direito, procurando atingir-nos. Então o dr. Vital Brasil agarrou-a, abriu-lhe a boca, mostrando que não tinha presas, e deu-ma para pegar. Também lhe abri a boca, examinei-lhe os dentes e larguei-a; em seguida, mostrando-se

Através do sertão do Brasil - Página 38 - Thumb Visualização
Formato
Texto