CAPÍTULO I
A Baía do Rio de Janeiro.
A Baía de Nápoles, a "Corno de Ouro" de Constantinopla, e a Baía do Rio de Janeiro são sempre mencionadas pelos turistas como merecendo ser classificadas juntamente em primeiro lugar, pela sua extensão e beleza e pela sublimidade dos cenários que as rodeiam. As duas primeiras, porém, têm que ceder a palma à última que, num perpétuo verão, está encerrada num círculo de montanhas singularmente pitorescas, salpicada de ilhas cobertas de vegetação tropical. Quem quer que, na Suíça, haja contemplado do Cais de Vevay, ou das janelas do Castelo de Chillon, o vasto panorama da margem superior do lago de Genebra, pode fazer uma ideia da vista de conjunto da Baía do Rio de Janeiro; e há muita verdade e beleza na observação feita por um suíço que, vendo pela primeira vez o esplendor selvático da baía brasileira e seu círculo de montanhas, exclamou : "C'est l'Helvétie Méridionale!" ("É a Suíça Meridional!").
Reminiscências Históricas.
Que espetáculo glorioso não teria ela apresentado aos primeiros navegantes — De Solis, Magalhães, Martim Afonso de Souza — que foram os primeiros europeus que transpuseram os portais estreitos que constituem a entrada de Niteroi (Água Escondida), como essas águas quase que inteiramente fechadas pelas terras foram com tanta propriedade e poesia denominadas pelos índios Tamoios! Se bem que as vertentes das montanhas e as margens da baía ainda se apresentem rica e luxuriantemente cobertas de vegetação, naquela época, porém, existiam todas as florestas virgens,