costumeiras que se fazem aos navios que entram num porto estrangeiro. Logo em seguida deslizamos por baixo dos carrancudos canhões de Santa Cruz e vemo-nos bem em frente do Forte Laje, notabilizado pelo fato de haver sido o primeiro ponto da baía a ser habitado pelo homem civilizado. O cenário que então se descortina a nossos olhos é singularmente belo. Longe, do lado esquerdo, por baixo do Pão de Açúcar, para o lado da cidade, está a fortaleza de São João, visível entre a vegetação circundante. Passando por entre uma pequena frota de graciosas canoas e embarcações de vendedores, manobradas por pretos seminus, dirigimo-nos para a margem íngreme da direita, que termina bruscamente revelando-nos a encantadora baíazinha de Jurujuba — a baía das "cinco braças" dos ingleses. Olhando de novo para a margem oposta, além de São João, vemos num relance a graciosa Enseada de Botafogo (Baía de Nápoles em miniatura) e o lindo subúrbio do mesmo nome, que parece uma joia no meio das meigas praias alvas e o largo círculo da vegetação. Daqui também se tem uma outra vista dos múltiplos aspectos do Corcovado e da Gávea que, quando se muda de posição, estão sempre variando e sempre belos.
Agora a grande cidade surge diante de nós, estendendo-se, com seus brancos subúrbios, por milhas e milhas ao longo das margens irregulares da baía e recuando até quase ao pé das montanhas da Tijuca, semeada de verdes colinas que parecem brotar do seio dos bairros mais populosos. Esse conjunto de circunstâncias permite que do mar se tenha uma vista completa do Rio de Janeiro. Quando contemplávamos os zimbórios e campanários que se elevam sobre o branco casario da cidade, e o pujante manto de verdura dos morros da Glória, Santa Tereza e Castelo, fomos interrompidos bruscamente na nossa admiração pela voz de um oficial brasileiro ordenando: "Solta a âncora". A ordem é obedecida, e ficamos calmamente flutuando sob os formidáveis canhões da Fortaleza de Villegagnon. A nossa embarcação