Tudo é tão vivo, tão novo e despertante, que ficamos como uma criança nas vésperas de um dia de festa ou da primeira vez que se vai visitar uma dessas cidades com cujas maravilhas os livros de histórias e a improvisação de nossas amas enchem por completo a nossa imaginação.
Tenho repetidas vezes entrado e saído da Baía do Rio de Janeiro, quer quando as ondas estão encapeladas quer quando a calmaria cobre a vastidão do espaço e, tanto à luz purpúrea das madrugadas tropicais, quanto à luz fulgurante do meio-dia, ou ao rápido crepúsculo dessas latitudes do sul, ela sempre patenteou-me aos olhos novas glórias e novos encantos. Tem-me sido dado o privilégio de contemplar alguns dos mais celebrados espetáculos naturais dos dois hemisférios, e nunca encontrei outro, que fosse capaz de combinar tantos elementos dignos de serem admirados como o panorama que estamos tentando descrever. Das alturas de Santelmo, sorvi tanta beleza como naquela baía arredondada do sul da Itália em cujo seio flutuam as ilhas de Capri e Ischia, e em cujas margens se aninha o formoso Vesúvio, o longo braço de terra de Sorrento e a proverbialmente bela cidade de Nápoles. Vi grande variedade de aspectos na Baía de Panamá toda azul e coalhada de ilhas; e assisti nos Alpes e na entrada ocidental do Estreito de Magalhães, onde os Andes negros e pontiagudos se esfacelam, cenas de sublimidade e selvatiqueza sem par; porém, consideradas todas as coisas, nunca se me deparou espetáculo que excedesse, em beleza, variedade e grandeza combinadas, Niteroi rodeada de montanhas.
Descrições de Gardner e Stewart.
As impressões acima foram escritas sem que eu tivesse lido, com uma exceção apenas, qualquer das muitas descrições minuciosas que se têm publicado sobre a Baía do Rio de Janeiro; e ocorreu-me a ideia de que aqueles que nunca viram as belezas dessa região poderiam não dar crédito ao meu elogio acima de tantos outros lugares famosos por seus