Memórias de um magistrado do império

até os avós de meu avô. Ou por não ter disposição para as ordens, ou enamorado dos lindos olhos de minha avó, a Snra. D. Felícia Maria da Penha de França de Morais, filha legítima de um honrado negociante da rua Augusta, com ela se casou. Não conheci essa família, mas sei que o irmão dela José Maria de Morais, era Cônsul de Portugal em Cádis. Meu avô teve em Lisboa um filho, de nome Francisco, que morreu depois na Bahia, em menor idade. Receoso da desaprovação de meu bisavô, que, como diste, o destinava à vida eclesiástica, deixou minha avó em Lisboa e veio só para a Bahia. Despachado Juiz de Fora de Angola, desgostou-se da carreira, não aceitou e preferiu fundar na Bahia sua Banca de Advogado, na qual, seja dito de passagem, ganhou muito dinheiro: adiei e li os seus assentos: num ano ganhou 14 mil cruzados, e acrescentava sempre: "Louvado seja Deus"! E com efeito, isto, num tempo, em que ele pagava oitenta mil réis anuais pelo aluguel dum sobrado de dois andares, no qual morava à "rua Pão-de-ló", era alguma cousa.(14) Nota do Leitor Não foi meu avô muito ativo em mandar buscar minha avó a Portugal, pelo que lhe mandou ela de Lisboa, o retrato, dizendo na carta que o acompanhou, "com os olhos vermelhos de chorarem por você". Esse retrato, que estava muito estragado, serviu de modelo para, sobre ele, tirar-se o atual que existe. Em 1781 ou 1782 veio minha avó para a Bahia e a 14 de outubro de 1784 nasceu meu Pai.(15) Nota do Leitor Em 1786 e 1788 nasceram minhas tias D. Maria Felícia, que casou com o Snr. João Carneiro da Silva Rego, e D. Gertrudes Sebastiana, que casou com o Snr. Inácio Joaquim Ferreira Lisboa, que

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