Memórias de um magistrado do império

A Prima Felícia, que foi muito amiga de minha mãe, e era casada com o Snr. José Herculano Pereira Lisboa da Cunha, além dos filhos acima declarados, e do Desembargador Antônio Augusto, que vive, e foi Presidente de Goiás e Vice-Presidente do Rio Grande do Sul em exercício (e remeteu para o Paraguai o 3° Corpo do Exército, comandado pelo Osório) teve também outro filho, Herculano Antônio Pereira da Cunha que foi magistrado. Vice-Presidente em exercício do Ceará, onde ganhou a amizade do Conselheiro Saraiva, e morreu de febre, sendo Juiz de Direito de Abrantes. Era viúvo da prima Ana Apolônia, filha da prima Lucrécia Boccaciari, de quem já falei, a qual morreu sendo ele Juiz de Direito de Anadía, nas Alagoas, e deixou filhos, cuja sorte ignoro: sei somente que um deles era casado com uma filha do meu condiscípulo em Lógica, Antônio José de Lima, irmão do Dr. Francisco José de Lima, Secretário da Polícia do Rio de Janeiro.

Já disse que o segundo filho, mas primeiro varão, de meu bisavô, foi o Snr. Dr. José Barbosa de Oliveira: dele falarei mais miudamente, porque é ele meu avô e dele descendo. Como filho mais velho foi escolhido para estudar na Universidade de Coimbra, e formar-se em Cânones, pois seus pais o destinavam à carreira eclesiástica. Nasceu ele provavelmente em 1749; foi para Coimbra talvez com 18 anos; quando já tinha sido aprovado no 1° e 2° ano de Direito, teve de repeti-lo porque a Reforma da Universidade muito afamada, do tempo do Marquês de Pombal, a isso o obrigou. Foi contemporâneo do Dr. Inácio Francisco Silveira da Mota, avô do Senador José Inácio, que nada teve que repetir, pois já tinha passado do 3.º ano. Sei que em 1776 já era Bacharel Formado, pois nesse ano obteve ele a Carta de Foro, Nobreza e Cota d'Armas, que conservo, e na qual veem consignados os nomes de todos os meus ascendentes

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