Memórias de um magistrado do império

Continuemos. Enganei-me. Seguimos logo para a Fazenda e achando-me muito doente e nervoso, receando a morte a cada momento, fiz o meu testamento, voltamos para Campinas a 29 de dezembro de 1881 e a 31 foi aprovado o dito testamento. Não sei porque o meu horror era tão grande que a cada momento receava morrer. Fiquei em Campinas até 3 de janeiro de 1882 corrente para ser examinado pelo Rodrigo(43) Nota do Leitor e Barata,(44) Nota do Leitor porque então eu ainda ignorava que o meu mal era incurável, e a 4 ou 5 voltei para o Rio das Pedras.

A 17 ou 18 chegou Oscar com Luiza e as duas irmãs. Chiquinha chegou depois com três filhos além de Totom, e Dr. Francisco Bulhões chegou com a Snra. D. Josefina, sogra e sobrinha, no 1.° de fevereiro. Maricóta, Geraldo e as meninas estiveram sempre conosco. Passamos agradavelmente e eu com algum alívio, todo o mês de fevereiro porque eu ao menos dormia e comia, mas de tonteiras nunca melhorei.

A companhia era muito agradável e vivemos fraternalmente. Mas este mundo é inconstante. A 2 de março deste ano, quando Josefina se despedia para se retirar com o marido, mãe e sobrinha, a minha netinha Maria Isabel estava com convulsões e de fato morreu a 3 desse mesmo mês! Está no Céu. Foi mais feliz do que eu... Não há de sofrer da cruel enfermidade que me flagela e que Deus me reservou para deixar esta vida sem saudade. Se eu estivesse bom teria sido inesquecível este tempo, passado na companhia de todos os

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