Memórias de um magistrado do império

a Deus! Mas estava acabada a minha vida. O glaucoma fez-me perder o olho esquerdo, que, operado a 4 de abril de 1881, ficou de todo cego, fazendo-me grande falta.

Porém maiores desgraças me estavam reservadas. A tonteira foi crescendo e em 8 de outubro desse ano, o Dr. Moura Brasil me levou ao Dr. José Silva(41) Nota do Leitor e o Oscar ao Dr. Magalhães(42) Nota do Leitor e foram estes que conhecereram a minha fatal e incurável moléstia. Até então a vertigem não era permanente, vinha e ia. A 21 de dezembro, dadas as férias, fui ao Paço despedir-me e na volta veio a vertigem para nunca mais me deixar! Então ainda não era tão forte, mas cada vez se tornou mais insuportável! Meu Deus! E não me mandais a morte, não me chamais a Vós?!

A 23 de dezembro de 1881 fui para Campinas e estava tão abatido, que se não fosse o Jacobina, voltava para casa, por não ter ânimo de pagar os fretes, bilhetes etc. Ficamos na Cachoeira num mau hotel e a 24 chegamos a São Paulo esperados pelo bondoso Luiz Antônio de Sousa Barros. Aí passamos o dia de Natal, e a 26 fomos para Campinas onde ficamos alguns dias antes de seguirmos para o Rio das Pedras.

Estou horrivelmente tonto e levantei-me da rede porque já não podia estar deitado. A ansiedade já me sufocava... vim escrever, como um Yehigio, apesar de não me poder ter em pé! Que desgraça!

Memórias de um magistrado do império - Página 321 - Thumb Visualização
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