torpor por horas e horas, tudo isso além da tonteira, que é permanente, insuportável, horrível! Peço a Deus a morte, como único lenitivo, visto ser o meu mal incurável, mas a minha doença só há de matar depois de longos e medonhos padecimentos.
Não tenho ânimo de acabar, e peço a Deus paciência e resignação, que me faltam, já que não me chama a si, como tanto lhe peço. O meu filho Albino vai casar-se e é tal a minha desgraça que não posso ir a Campinas assistir ao ato! Que desgosto tenho quando vejo que privo Isabelinha de ir, como ela tanto e tanto deseja! Sou muito desgraçado!
16 de dezembro
Talvez pela última vez escreva neste papel. Falam em ir para Campinas depois de amanhã. Deus queira que eu possa acompanhá-los. Decerto não voltarei mais, por lá fico, e Deus o permita, porque a minha vida é um fardo muito pesado. Deixo com muita saudade minha mulher e meus filhos, mas prefiro essa dor aos sofrimentos que me martirizam. Adeus, adeus, adeus para sempre! Que dor sinto, meu Deus!
ALBINO JOSÉ BARBOZA DE OLIVEIRA.