estava pendurada a safra, que se perdeu toda. É isso o que não desejo na "Boa Vista" e por isso tendo de plantar este ano 2.300 pés de café achei conveniente comprar dez bons negros e uma boa negra... Agora pela sua carta vejo os seus receios de perda total pela próxima emancipação.

O Cansansão comprou o ano passado uma fazenda ao Barão de Nova Friburgo, com escravos por rs. 300:000$000, é de crer que o Sinimbú esteja no segredo do Imperador. Decerto este não extingue já a escravidão porque não pode; continua a estimular as penas aos escravos e a facilitar os assassínios dos senhores. Agora veio-lhe em auxílio da Bahia o Dep. Zama, que já apresentou um projeto de lei, abolindo a pena de morte, e a de açoutes para os escravos, deixando-nos de todo sem garantia alguma de vida e à mercê do punhal do negro! Eu endoudeço quando vejo dislate, de tal jaez! Assim vamos vivendo no meio de perigos, e só nos sustenta a esperança na Bondade Divina! E não há outro remédio. Geraldo já não quer comprar negros e espera remediar-se com colonos. Pois bem, quando vier, engaje colonos e salve os cafezais de Boa Vista que este ano ficaram elevados a 58.000 pés. Aliás perder-se-á tanto trabalho".

E no mês seguinte insiste na tecla dos escravos:

"Continuam os assassínios de senhores pelos escravos, e na semana passada o Dr. João Dias Ferraz, estimado médico de Itu, advertindo brandamente por ser já tarde e ele estar ainda rachando lenha para o almoço, foi atacado pelo negro, que o matou com 7 machadadas: e em seguimento o negro entrou no aposento das senhoras moças de 17 a 18 anos, matou-as, matou a dama de companhia, mulher já idosa, e para remate matou a mocamba, que estava engomando, e depois bebeu um copo de cachaça e foi triunfante entregar-se à prisão. O povo de Itu indignado, atacou a cadeia, arrancou o negro, matou-o a pedradas, e arrastou-o pelas ruas. Eis em que deu os perdões acintosos do poder moderador!"