Memórias de um magistrado do império

sempre uma esplêndida amizade, foram o Dr. Júlio Benedito Ottoni e o primo José de Sousa Queiroz.

NOTA IX

A Presidência do Supremo Tribunal

Já nessa época, sentindo-se doente e cansado o Conselheiro pensava abandonar a vida pública.

Assim, em carta de 3 de fevereiro de 79 escrevia à filha Francisca:

"Até agora não me consta que esteja nomeado o Presidente do Supremo. A minha resolução está tomada: se for eu, aceito, tomo posse e aposento-me com toda a honra, pois terei obtido a satisfação, pela qual espero desde 1861 e 1864; se for preterido, aposentado estou, porque então bastará de aturar desaforos. Mas Lafayette, que mal me conhece, é íntimo de Valdetaro, seu vizinho na Gávea, republicano etc."

A 17 já sabia ter sido nomeado o Cons.° João Antônio de Vasconcelos. Mas persistia na ideia de aposentar-se. Fala mesmo na carta de 24 de fevereiro em ir à Europa, passar uns tempos em Paris com o seu filho mais moço. "Perco 3:000$ por ano, e a importância que dava o cargo, aliás elevado; mas talvez ganhe por outro lado."

Os vencimentos dos magistrados eram realmente insuficientes. Em carta de 9 de fevereiro escrevia:

"Eu tenho agora de ordenado rs. 475$000; é quanto a nação dá aos ministros do mais alto Tribunal do Império para todas, todas as despesas suas e da família, e S. M. acha que as viúvas dos magistrados não ficam ricas, porque eles não economizam; mas só um filho gasta mais que todo o ordenado; que comerão o pai; que é o único que trabalha, a mãe, os outros filhos, os fâmulos, os protegidos, os sanguessugas etc?"

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