se encontra em Campinas, em mãos do Eng.º Luiz Albino Barbosa de Oliveira. É um depoimento rico e precioso sobre os acontecimentos do 3 de novembro de 1821, na Capital da Bahia. Leia-se, para compreender o assunto, o Cap. II da História da Independência na Baía, de Braz do Amaral. (Bahia, 1923).

"Luis: Recebi a tua Carta, que estimei muito, pelo Coronel Inacio Aprigio da Fonseca Galvão em 15 deste mês de novembro, datada de 24 de outubro, com um post-scriptum muito grande de 2 do corrente e mais um apêndicezinho de 7 do mesmo. Antes que entre na sua resposta, é preciso que eu te conte as grandes desgraças que houveram no dia 3, e pelas quais com outros muitos constantes da gazeta, o n.º 115 e rol junto em que se compreendeu o Carneiro, que já foi preso para as Cortes de Lisboa na Fragata D. Pedro, saída daqui em 9 do corrente. Eu tinha ouvido que nesse dia, que era sábado, havia uma revolução para se nomearem novos Governadores, pela razão, que este Povo dava, de que os atuais eram ladrões, que roubavam ao Povo, com os seus despachos; mas como se falava todos os dias nessas coisas, nunca fiz apreenssão nisso, estando contudo o meu coração sobressaltado, e com receio de pagar as favas, que o asno comeu, pela razão da minha retirada de semelhantes funções. Eis que às onze horas estando eu no Coro, rezando com os companheiros pelas almas dos Defuntos Arcebispos, e Cônegos, vimos correr pelo terreiro o Povo, e Soldados armados, e logo os Soldados do Batalhão Lusitano, postados no Carmo, e depois a Cavalaria, levando aqueles os seus Parques, e Caixas de pólvora e metralhas, que se encaminhavam para a Praça, e logo se espalhou também a notícia de que com Parques subiram para o mesmo lugar o Batalhão, que está em S. Bento. Ficamos todos mortos de susto, e eu com o sentido em casa, se bem tinha determinado antes do sair, que se acaso fosse o sucesso verdadeiro, fechassem logo as portas da rua, e tudo se pusesse em resguardo e cautela.